terça-feira, 17 de setembro de 2013

Passada que foi a menopausa, tem gosto em viver?
Não pretendemos referir-nos à síndroma pré-menstrual. A ideia presente é a alusão à liberdade, e jamais à dependência.
A antropologista Margaret Mead alude nos seus trabalhos ao gosto pela vida no período posterior à menopausa. Pretende ela transmitir a ideia de que as mulheres devem fruir ao máximo esta fase da sua existência. Eliminada a necessidade das medidas anticoncepcionais, a possibilidade da gravidez, findo o incómodo do ciclo mensal – que habitualmente provocava o desaceleramento da actividade habitual – a mulher torna-se finalmente livre.
Chegou o momento de nos sentirmos como mulheres, no verdadeiro sentido humano do termo, e não como criadoras de filhos.
A menopausa inicia-se quando os ovários deixam de funcionar, quando a produção de estrogénio pelo organismo diminui e acaba por cessar e quando a menstruação se torna irregular e termina, pouco depois. Por via de regra, as mulheres entram na menopausa aos 51 anos.
Durante um período de seis meses a três anos, a mulher sentirá, nesta fase da vida, alguns dos sintomas tradicionais da menopausa, e entre estes, os acessos de calor e de frio súbitos, menor desejo sexual, secura vaginal, alterações de caracter emocional, e dificuldades com o sono. Os problemas por que passe deverão ser apresentados ao seu médico, que lhe proporcionará a devida orientação.
UMA MELHOR PERSPECTIVA DA VIDA. A arquitectura deste ciclo da vida é um dos objectivos que a mulher se deve propor. A menopausa poderá ser agridoce, ou pelo contrário, um período de agradável fruição da vida. Eis como:
PROJECTE A FORMA COMO VAI FRUIR A VIDA. Como nos refere Irene Simpson, uma educação adequada sobre as modificações fisiológicas advenientes e uma forma mais ousada de encarar a situação fará uma grande diferença no modo como enfrentamos as tensões provocadas pela menopausa, ou as mudanças da vida – a saída dos filhos, ou a entrada dos pais por exemplo – que muitas mulheres terão de enfrentar no fim das décadas dos quarenta ou cinquenta anos.
A estatística demonstra que a mulher passa cerca de um terço da sua vida após a menopausa, o que na opinião de Irene Simpson, deve ser considerado como um passo em frente na vida e uma mudança para melhor. Voltar e estudar, descobrir um novo passatempo, mudar de carreira, tomar conta da nossa saúde, tornar a vida uma aventura – são algumas das muitas possibilidades.
PROCURAR APOIO. Os grupos de apoio reasseguram á mulher de que a menopausa é um ciclo natural. As mulheres que fazem parte desses grupos ensinam as técnicas de enfrentar a situação que elas próprias aprenderam, e dão assistência aos esforços de descoberta de novos processos de luta.
FAÇA EXERCÍCIO TODOS OS DIAS. A marcha, a corrida lenta, o ciclismo, a dança, a natação, ou até saltar à corda ou outro qualquer exercício diariamente executado proporcionam alívio a muitos dos sintomas da menopausa, como se conclui num estudo levado a cabo pela Escola Médica Robert Wood Johnson, da Universidade de Medicina e Estomatologia, em Nova Jérsia. O exercício ajuda a evitar ou diminuir sintomas do tipo dos acessos de calor, dos suores nocturnos, da depressão e outros problemas de carácter emocional, e até a secura vaginal.
As consequências mais salientes do exercício são certamente uma melhor condição física. Todavia, contribui igualmente para a melhoria da saúde psicológica e para incrementar as concentrações encefálicas dos neurotransmissores norepinefrina e serotonina. Recomenda-se a execução de exercícios aeróbicos para uma melhor flexibilização do corpo, reforço muscular e capacidade de descontracção. O ioga, segundo ela, também contribui para maior flexibilidade e além disso, tem a vantagem de melhorar a respiração diafragmática que induz a descontracção e diminui a tensão.
A ELIMINAÇÃO DOS ACESSOS DE CALOR. Os acessos de calor representam a resposta do organismo ao menor nível do estrogénio. Há uma desregulação do sistema encefálico de regulação da temperatura, até o organismo se habituar à falta de estrogénio.
Cerca de 80 por cento das mulheres sofrem de acessos de calor, que se prolongam em média por 2,7 minutos. A mulher sente a face e a parte superior do corpo tão quente como se tivesse sido arremessada para o interior de um forno. Fica corada e sua abundantemente, em virtude de a temperatura superficial da pele sofrer um súbito aumento de temperatura. A situação normaliza ao fim de cerca de 30 minutos.
Em virtude de muitas das mulheres sofrerem o acesso antes de começarem a suar, é geralmente possível preparem-se para a sua chegada.
Eis como.
MANTENHA A CALMA. Manter a calma será talvez a melhor forma de combater os acessos de calor.
Perante um acesso de calor, devem recordar-se dois factos: que se trata de um fenómeno normal que não de prolongará por muito tempo, e que é sempre possível fazer-se alguma coisa. A maior parte das vezes, uma atitude positiva perante o fenómeno é quanto basta para o tornar mais suportável.
APRENDA A DESCONTRAIR-SE. As mulheres que conseguem descontrair-se têm um maior controlo da situação. Deverá aprender-se meditação ou ioga, ou muito simplesmente, criar o hábito de, todos os dias, se sentar por uns momentos numa cadeira, de olhos cerrados, em atitude de descontracção.
CONTROLE OS FACTORES DO DESENCADEAMENTO. Devem determinar-se quais os factores do desencadeamento dos acessos de calor, de modo a evitá-los: em certas mulheres, as perturbações emocionais são um deles. Para outras, são-no as refeições quentes, ou demasiado condimentadas ou os quartos com temperatura ambiente elevada.
VISTA CAMISOLAS E COLETES. Perante a iminência de um acesso de calor, se dispa uma peça de roupa, que se tornará a vestir quando passar, já que a temperatura do corpo desce um pouco abaixo do normal, sendo, por conseguinte, provável que se venha a sentir frio.
UTILIZE ROUPAS DE FIBRAS NATURAIS. As fibras sintéticas retêm o calor e a transpiração durante os acessos, que assim se tornam ainda mais difíceis de suportar. As fibras naturais – como o algodão e a lã – permitem uma melhor ventilação do corpo e mantêm-no mais fresco, absorvendo a transpiração e permitindo um arrefecimento natural.
ANDE COM UM LEQUE. Compre um que seja bonito e ande com ele na mala. Ou compre uma ventoinha de bolso, a pilhas e guarde-a na secretária. Ligue-a quando começar com os acessos de calor.
TOME REFEIÇÕES LEVES. Em vez de carregar o organismo com três refeições por dia, cinco ou seis refeições permitirão uma mais fácil regulação da temperatura.
BEBA MUITA ÁGUA. Nunca se deve esquecer de beber água ou sumos frescos, e muito em especial após exercícios físicos, já que assim se possibilita ao organismo um melhor controlo da temperatura – ainda conforme a mesma médica.
REDUZA O ÁLCOOL. Muitas mulheres são de opinião que o álcool despoleta acessos de calor.
ELIMINAR A CAFEÍNA. As bebidas que contenham cafeína a produção das hormonas que provocam a tensão e levam ao desencadear dos acessos de calor.
LENÇOS DE PAPEL HUMEDECIDOS. Compre pacotes de lenços de papel humedecidos, e traga-os sempre consigo. São muito úteis para o alívio dos incómodos do acesso de calor, refrescando a testa ou ajudando a limpar a transpiração.
DIMINUA A TEMPERATURA AMBIENTE. Quando elevada, representa um dos factores susceptíveis de desencadear um acesso de calor. Deve baixar-se a regulação do sistema de ar condicionado, manter uma janela aberta e evitar os alimentos e as comidas quentes.
MANTENHA A ACTIVIDADE SEXUAL. As mulheres que mantêm actividade sexual regular durante a menopausa – uma ou mais vezes por semana – têm menos acessos de calor do que as que se limitam a sexo esporádico, segundo demonstram as investigações efectuadas. Um estudo sobre 43 mulheres que tinham acabado de iniciar a menopausa, e verificaram que a actividade sexual frequente estimula indirectamente os ovários em declínio, moderando o sistema hormonal e evitando as oscilações extremas do nível do estrogénio.
NÃO PARTILHE OS LENÇÓIS. Não existe a necessidade de ter uma cama separada para evitar perturbar o seu marido com os suores nocturnos que vão e vêm. Use cobertores separados ou cobertores eléctricos com controlos duplos, para que se sinta à vontade para afastar os lençóis ao sentir a necessidade de arrefecer.
ULTRAPASSE OS PROBLEMAS SEXUAIS. Os nossos especialistas recomendam o seguinte, para manter a vida sexual durante a menopausa.
LUBRIFIQUE O AMOR. A secura vaginal motivada pela falta do estrogénio diminui o interesse pela actividade sexual durante a menopausa. Um lubrificante solúvel na água, os óleos vegetais, creme ou unguento não perfumado representam escolhas aconselháveis para uma melhor lubrificação.
Ou, segundo a naturista Simpson, abrir duas cápsulas de vitamina E aplicar o conteúdo como se fosse um lubrificante.
CONVERSE. Uma conversa de coração aberto com o marido ou companheiro, em que se fale das necessidades e dos sentimentos de cada um, certamente produzirá um incremento da líbido.
OPTE PELA AVENTURA NO LEITO. Aconselha-se os casais a não hesitar na procura de novas posições para a prática das relações sexuais para assim encontrarem uma que lhe agrade mais. O sentido do tacto assume grande importância nesta fase, sugere mais abraços e carícias mútuas, que transmitem maior senso de intimidade e aproximação.
PRATICAR OS EXERCÍCIOS KEGEL. Os exercícios Kegel destinam-se especialmente a fortalecer os músculos anais, vaginais e urinários. O desenvolvimento destes músculos contribui para uma mais fácil descontracção, um maior prazer e menor possibilidade de dor durante o acto sexual. Além disso, ajudam a evitar a incontinência urinária, que por vezes constitui um problema para certas mulheres durante a menopausa. Eis como se executam:

Imagine que se pretende interromper o fluxo da urina, durante a micção. Contraem-se os músculos da região vaginal com firmeza, conta-se até três e descontrai-se seguidamente. A execução deve processar-se em alternância rápida de contracção e descontracção. O exercício realiza-se facilmente, em qualquer momento e em qualquer lugar.