Passada que foi a menopausa, tem gosto em viver?
Não pretendemos referir-nos à
síndroma pré-menstrual. A ideia presente é a alusão à liberdade, e jamais à
dependência.
A antropologista Margaret Mead
alude nos seus trabalhos ao gosto pela vida no período posterior à menopausa.
Pretende ela transmitir a ideia de que as mulheres devem fruir ao máximo esta
fase da sua existência. Eliminada a necessidade das medidas anticoncepcionais,
a possibilidade da gravidez, findo o incómodo do ciclo mensal – que
habitualmente provocava o desaceleramento da actividade habitual – a mulher
torna-se finalmente livre.
Chegou o momento de nos sentirmos
como mulheres, no verdadeiro sentido humano do termo, e não como criadoras de
filhos.
A menopausa inicia-se quando os
ovários deixam de funcionar, quando a produção de estrogénio pelo organismo
diminui e acaba por cessar e quando a menstruação se torna irregular e termina,
pouco depois. Por via de regra, as mulheres entram na menopausa aos 51 anos.
Durante um período de seis meses
a três anos, a mulher sentirá, nesta fase da vida, alguns dos sintomas
tradicionais da menopausa, e entre estes, os acessos de calor e de frio
súbitos, menor desejo sexual, secura vaginal, alterações de caracter emocional,
e dificuldades com o sono. Os problemas por que passe deverão ser apresentados
ao seu médico, que lhe proporcionará a devida orientação.
UMA MELHOR PERSPECTIVA DA VIDA. A
arquitectura deste ciclo da vida é um dos objectivos que a mulher se deve
propor. A menopausa poderá ser agridoce, ou pelo contrário, um período de
agradável fruição da vida. Eis como:
PROJECTE A FORMA COMO VAI FRUIR A
VIDA. Como nos refere Irene Simpson, uma educação adequada sobre as modificações
fisiológicas advenientes e uma forma mais ousada de encarar a situação fará uma
grande diferença no modo como enfrentamos as tensões provocadas pela menopausa,
ou as mudanças da vida – a saída dos filhos, ou a entrada dos pais por exemplo
– que muitas mulheres terão de enfrentar no fim das décadas dos quarenta ou
cinquenta anos.
A estatística demonstra que a
mulher passa cerca de um terço da sua vida após a menopausa, o que na opinião
de Irene Simpson, deve ser considerado como um passo em frente na vida e uma
mudança para melhor. Voltar e estudar, descobrir um novo passatempo, mudar de
carreira, tomar conta da nossa saúde, tornar a vida uma aventura – são algumas
das muitas possibilidades.
PROCURAR APOIO. Os grupos de
apoio reasseguram á mulher de que a menopausa é um ciclo natural. As mulheres
que fazem parte desses grupos ensinam as técnicas de enfrentar a situação que
elas próprias aprenderam, e dão assistência aos esforços de descoberta de novos
processos de luta.
FAÇA EXERCÍCIO TODOS OS DIAS. A
marcha, a corrida lenta, o ciclismo, a dança, a natação, ou até saltar à corda ou
outro qualquer exercício diariamente executado proporcionam alívio a muitos dos
sintomas da menopausa, como se conclui num estudo levado a cabo pela Escola
Médica Robert Wood Johnson, da Universidade de Medicina e Estomatologia, em
Nova Jérsia. O exercício ajuda a evitar ou diminuir sintomas do tipo dos
acessos de calor, dos suores nocturnos, da depressão e outros problemas de
carácter emocional, e até a secura vaginal.
As consequências mais salientes
do exercício são certamente uma melhor condição física. Todavia, contribui
igualmente para a melhoria da saúde psicológica e para incrementar as
concentrações encefálicas dos neurotransmissores norepinefrina e serotonina.
Recomenda-se a execução de exercícios aeróbicos para uma melhor flexibilização
do corpo, reforço muscular e capacidade de descontracção. O ioga, segundo ela,
também contribui para maior flexibilidade e além disso, tem a vantagem de
melhorar a respiração diafragmática que induz a descontracção e diminui a
tensão.
A ELIMINAÇÃO DOS ACESSOS DE
CALOR. Os acessos de calor representam a resposta do organismo ao menor nível
do estrogénio. Há uma desregulação do sistema encefálico de regulação da
temperatura, até o organismo se habituar à falta de estrogénio.
Cerca de 80 por cento das
mulheres sofrem de acessos de calor, que se prolongam em média por 2,7 minutos.
A mulher sente a face e a parte superior do corpo tão quente como se tivesse
sido arremessada para o interior de um forno. Fica corada e sua abundantemente,
em virtude de a temperatura superficial da pele sofrer um súbito aumento de
temperatura. A situação normaliza ao fim de cerca de 30 minutos.
Em virtude de muitas das mulheres
sofrerem o acesso antes de começarem a suar, é geralmente possível preparem-se
para a sua chegada.
Eis como.
MANTENHA A CALMA. Manter a calma
será talvez a melhor forma de combater os acessos de calor.
Perante um acesso de calor, devem
recordar-se dois factos: que se trata de um fenómeno normal que não de
prolongará por muito tempo, e que é sempre possível fazer-se alguma coisa. A
maior parte das vezes, uma atitude positiva perante o fenómeno é quanto basta
para o tornar mais suportável.
APRENDA A DESCONTRAIR-SE. As
mulheres que conseguem descontrair-se têm um maior controlo da situação. Deverá
aprender-se meditação ou ioga, ou muito simplesmente, criar o hábito de, todos
os dias, se sentar por uns momentos numa cadeira, de olhos cerrados, em atitude
de descontracção.
CONTROLE OS FACTORES DO
DESENCADEAMENTO. Devem determinar-se quais os factores do desencadeamento dos
acessos de calor, de modo a evitá-los: em certas mulheres, as perturbações
emocionais são um deles. Para outras, são-no as refeições quentes, ou demasiado
condimentadas ou os quartos com temperatura ambiente elevada.
VISTA CAMISOLAS E COLETES. Perante
a iminência de um acesso de calor, se dispa uma peça de roupa, que se tornará a
vestir quando passar, já que a temperatura do corpo desce um pouco abaixo do
normal, sendo, por conseguinte, provável que se venha a sentir frio.
UTILIZE ROUPAS DE FIBRAS
NATURAIS. As fibras sintéticas retêm o calor e a transpiração durante os
acessos, que assim se tornam ainda mais difíceis de suportar. As fibras
naturais – como o algodão e a lã – permitem uma melhor ventilação do corpo e
mantêm-no mais fresco, absorvendo a transpiração e permitindo um arrefecimento
natural.
ANDE COM UM LEQUE. Compre um que
seja bonito e ande com ele na mala. Ou compre uma ventoinha de bolso, a pilhas
e guarde-a na secretária. Ligue-a quando começar com os acessos de calor.
TOME REFEIÇÕES LEVES. Em vez de
carregar o organismo com três refeições por dia, cinco ou seis refeições
permitirão uma mais fácil regulação da temperatura.
BEBA MUITA ÁGUA. Nunca se deve
esquecer de beber água ou sumos frescos, e muito em especial após exercícios
físicos, já que assim se possibilita ao organismo um melhor controlo da
temperatura – ainda conforme a mesma médica.
REDUZA O ÁLCOOL. Muitas mulheres
são de opinião que o álcool despoleta acessos de calor.
ELIMINAR A CAFEÍNA. As bebidas que
contenham cafeína a produção das hormonas que provocam a tensão e levam ao
desencadear dos acessos de calor.
LENÇOS DE PAPEL HUMEDECIDOS.
Compre pacotes de lenços de papel humedecidos, e traga-os sempre consigo. São
muito úteis para o alívio dos incómodos do acesso de calor, refrescando a testa
ou ajudando a limpar a transpiração.
DIMINUA A TEMPERATURA AMBIENTE.
Quando elevada, representa um dos factores susceptíveis de desencadear um
acesso de calor. Deve baixar-se a regulação do sistema de ar condicionado,
manter uma janela aberta e evitar os alimentos e as comidas quentes.
MANTENHA A ACTIVIDADE SEXUAL. As
mulheres que mantêm actividade sexual regular durante a menopausa – uma ou mais
vezes por semana – têm menos acessos de calor do que as que se limitam a sexo
esporádico, segundo demonstram as investigações efectuadas. Um estudo sobre 43
mulheres que tinham acabado de iniciar a menopausa, e verificaram que a
actividade sexual frequente estimula indirectamente os ovários em declínio,
moderando o sistema hormonal e evitando as oscilações extremas do nível do
estrogénio.
NÃO PARTILHE OS LENÇÓIS. Não
existe a necessidade de ter uma cama separada para evitar perturbar o seu
marido com os suores nocturnos que vão e vêm. Use cobertores separados ou
cobertores eléctricos com controlos duplos, para que se sinta à vontade para
afastar os lençóis ao sentir a necessidade de arrefecer.
ULTRAPASSE OS PROBLEMAS SEXUAIS.
Os nossos especialistas recomendam o seguinte, para manter a vida sexual
durante a menopausa.
LUBRIFIQUE O AMOR. A secura
vaginal motivada pela falta do estrogénio diminui o interesse pela actividade
sexual durante a menopausa. Um lubrificante solúvel na água, os óleos vegetais,
creme ou unguento não perfumado representam escolhas aconselháveis para uma
melhor lubrificação.
Ou, segundo a naturista Simpson,
abrir duas cápsulas de vitamina E aplicar o conteúdo como se fosse um
lubrificante.
CONVERSE. Uma conversa de coração
aberto com o marido ou companheiro, em que se fale das necessidades e dos
sentimentos de cada um, certamente produzirá um incremento da líbido.
OPTE PELA AVENTURA NO LEITO.
Aconselha-se os casais a não hesitar na procura de novas posições para a
prática das relações sexuais para assim encontrarem uma que lhe agrade mais. O
sentido do tacto assume grande importância nesta fase, sugere mais abraços e
carícias mútuas, que transmitem maior senso de intimidade e aproximação.
PRATICAR OS EXERCÍCIOS KEGEL. Os
exercícios Kegel destinam-se especialmente a fortalecer os músculos anais,
vaginais e urinários. O desenvolvimento destes músculos contribui para uma mais
fácil descontracção, um maior prazer e menor possibilidade de dor durante o
acto sexual. Além disso, ajudam a evitar a incontinência urinária, que por
vezes constitui um problema para certas mulheres durante a menopausa. Eis como
se executam:
Imagine que se pretende
interromper o fluxo da urina, durante a micção. Contraem-se os músculos da
região vaginal com firmeza, conta-se até três e descontrai-se seguidamente. A
execução deve processar-se em alternância rápida de contracção e descontracção.
O exercício realiza-se facilmente, em qualquer momento e em qualquer lugar.